Jogo Aluado - a resposta

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Jogo Aluado - a resposta


Resposta de Mário Fernando, moderador do Jogo Jogado, ao meu comentário ao referido programa e já publicado aqui:


"Caro Lápis Azul e Branco :

Agradeço o comentário e respondo-lhe, antes do mais, porque a questão de fundo que coloca justifica uma explicação detalhada. De facto, o Jogo Jogado não tem na arbitragem o seu foco principal.

Para começar, porque o Jogo Jogado - como foi dito expressamente logo no seu arranque - não foi criado para replicar o que sucede na quase totalidade dos programas sobre futebol, ou seja, galgar audiências à custa do único tema que realmente arrasta multidões. A arbitragem, claro. Se retirasse esta temática a esses programas as audiências corriam enormes riscos. E nenhum operador no seu perfeito juízo cometeria esse suicídio. Já contabilizei 70 por cento da ocupação de antena de um programa com a discussão dos "lances polémicos" ou, como lhes chamam eufemisticamente, dos "lances marcantes" dos jogos. Incluindo (parece brincadeira, mas não é) a repetição do mesmo lance 14 vezes.

Depois, porque o problema da arbitragem em Portugal não vai resolver-se só pelo facto de se gritar muito e alto. Já passaram décadas, o barulho dos dirigentes nunca parou - ora uns, ora outros - e a verdade é que as coisas não mudaram. Nem vão mudar precisamente por aquilo que também não muda : os dirigentes vão continuar a contestar quando são prejudicados e a assobiar para o lado quando são beneficiados. Ou, o que até tem mais graça, a jurar que são "sempre" prejudicados. No fundo, caro Lápis Azul e Branco, o que quero dizer é que em Portugal não há qualquer preocupação com a arbitragem, mas sim com a contabilidade no deve e haver dos benefícios e prejuízos entre os clubes.

Chegados aqui vamos diretos ao que realmente interessa. A nossa posição é muito simples : os problemas - que são muitos e sérios há décadas - só se resolvem quando os clubes os quiserem resolver. O quadro de árbitros é de baixa qualidade (temos três ou quatro bons árbitros, mas o resto é de sofrível para baixo), as classificações são determinadas de forma muitíssimo discutível, os observadores são umas personagens meio obscuras, as nomeações são incompreensíveis em muitos casos, enfim, a lista é longa e conhecida. Simplesmente, a indignação só surge nas circunstâncias que referi atrás, quem fica abaixo não se cala. Não é preciso grande esforço de memória para conferirmos os comportamentos de Benfica, FC Porto e Sporting sempre que tal sucede.

Se os clubes forçassem a uma revisão geral da regulamentação - e a Liga tem aqui um papel determinante, nunca esquecendo que a Liga são...os clubes - e convergissem numa base de trabalho tornariam a solução muito mais simples. Só que - e esta é a dúvida crucial - ninguém está a ver os três grandes a acertarem agulhas neste aspeto (com todo o respeito, os restantes estão "condenados" a ir atrás). E não há convergência por causa de uma relação de poder. Qualquer um dos grandes, apesar das contestações, não arrisca mudanças radicais de credibilização, porque "hoje manda aquele", mas "amanhã posso mandar eu".

Digo-lhe, caro Lápis Azul e Branco, que tudo acabará necessariamente por mudar. Pode demorar mais tempo (em Portugal vai demorar de certeza), mas há de chegar o dia em que os clubes não terão saída. Até lá, bater na mesma tecla é somente chover no molhado
.
"


Obviamente, impõe-se contra-resposta. Dentro de momentos, no sítio do costume.

Do Porto com Amor



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